texto e Discurso
9 DE MARÇO DE 2014
É a partir desta suspensão gera-se um outro mundo a que Ricoeur chama “Quase-Mundo” dos textos que é a literatura. Então, as palavras escritas não se reportam a coisas precisas individualizadas mas sim a palavras livres que se submetem à nossa semântica. É esta transformação profunda que afecta as relações que existem entre os textos e entre eles e os seus autores e leitores. Quer uns quer outros, apenas sobrevivem na presença da escrita se criarem relações de explicação e interpretação, isto é, terá que se distanciar do lugar do texto. Perante um texto há sempre duas hipóteses de leitura:
1. Vê-lo e trata-lo como um texto sem autor e sem mundo e assim explicamo-lo apenas pela sua estrutura (sujeito predicado complementos) e os suas relações internas.
2. Ou então quebrar a suspensão do texto, consumi-lo e no nosso lugar interpretá-lo.
Na primeira possibilidade, o leitor coloca-se no interior do texto, o seu lugar é o lugar do texto sem nenhum mundo exterior de apoio. Como leitores e nesse lugar, partindo sempre da linguagem para compreender as estruturas elementares/linguísticas do texto. Na segunda possibilidade saímos do universo da leitura levados por movimentos de siginificação, onde ler será encadear um discurso novo no discurso que é o texto. Isto leva a que possamos coniderar o texto um caso aberto (Umberto Eco, a obra “A obra aberta”), a múltiplas interpretações ma também à possibilidade de uma obra ser fundante de outras obras, uma fundação textual de leitura. Em conclusão, na primeira possibilidade, o texto apresenta apenas estruturas a partir das suas relações internas. Já na segunda possibilidade o texto ganha significação, isto é, mostra e evidencia outros mundos. No fim, a leitura é o acto concreto no qual se completa o destino do texto.