discurso e texto

1. Introdução
As ciências ditas “exatas” ou “duras” estão constituídas no senso comum como aquelas em que as subjetividades estão ausentes e a objetividade é uma constante, o que se expressa na existência de um método e de linguagem – a matemática. Embora algumas perspectivas não formalistas (Kuhn, Feyerabend, entre outros) tenham problematizado há algumas décadas esta objetividade, poucas transformações têm sido percebidas nos discursos dos livros didáticos dirigidos aos estudantes que ingressam nestas áreas. Neste trabalho, evidenciamos alguns aspectos de um livro didático específico através da Análise Crítica do
Discurso-ACD, já incorporando nesta análise características e contribuições dos estudos culturais, isto é, considerando que os “textos” analisados não se constituem apenas como porções de linguagem relacionadas entre si, mas como uma relação texto-contexto, formaconteúdo, posicionamento do texto e as presenças e ausências que podem constituí-lo.
No entanto, antes da análise direta do texto em questão, propomos uma discussão sobre a presença do livro didático enquanto produto comercial e enquanto constituidor de práticas docentes, para posteriormente fazermos uma outra “leitura” dos textos.intensificação2 do trabalho do/a professor/a e com as dificuldades que tornam os saberes de sua prática difíceis de serem gerenciados, os textos são os refúgios que, muitas vezes, acabam por definir o trabalho docente.
Ao falar de definição do trabalho do/a professor/a mediante o uso do livro didático, destaco que mesmo os pequenos “graus de liberdade” que o/a professor/a pode ter em seu trabalho podem ser regulados por materiais como os livros didáticos. O modo como se estruturam esses livros e como influenciam as salas de aula são partes de uma intrincada rede de relações entre interesses sociais, políticos e econômicos produzidos na cultura.
O livro didático não é apenas um instrumento auxiliar na prática do/a professor/a, ele é um produto