Sobre o filme as horas

Direção de Stephen Daldry; baseado no livro de Michael Cunningham; roteiro de David Hare.

O filme As Horas é atordoante. Sempre que eu o assisto vou me envolvendo de tal forma que quando chega nas cenas finais eu estou no ápice dos “sentimentos despertados”. Há um crescente de emoções. A mistura das histórias das três mulheres em questão é tão bem distribuída; a continuidade entre uma e outra realidade é dada pelas ações e pelos olhares. Saímos dos anos 20, passamos pelos anos 40 e caímos na “atualidade” sem que a mudança de cenários, muito diferentes entre si, nos pareça incoerente. Há muito em comum entre as três mulheres que, na verdade, não pode ser mostrado esteticamente. Para conseguir passar toda essa carga interna presente na história o autor poderia ter optado pela voz off; mas, ao passar do livro para as telas ele preferiu trabalhar com as ações dessas mulheres. Essa foi uma excelente escolha; e ficou melhor ainda graças à seleção dos atores que é perfeita. Através das ações e das expressões em reação à tudo que está em volta dessas personagens, somos capazes de entrarmos numa viagem de reflexão sobre a vida. O filme consegue encarar o desafio, que é proposto por Virginia Woolf em “Mrs. Dalloway”, de mostrar toda a intensidade da vida de alguém em um dia. A história é eletrizante e “apenas” nos mostra um dia na vida de três mulheres. Tudo começa pelo fim, com a morte de Virginia Woolf, acompanhada de suas últimas palavras. As seqüências que são colocadas ao lado uma da outra sempre têm algum significado em comum. Os amantes chegando, as personagens acordando. Desde o início as ações têm grande intensidade; o acordar delas é carregado de um pesar. Uma seqüência atrás da outra; o ritmo é maravilhosamente frenético, ao mesmo tempo em que mostra ações simples do dia-a-dia; mas são justamente essas pequenas ações cotidianas que estão sufocando estas mulheres. E isso fica muito bem representado. Esse ritmo continua, mas no desenvolvimento da