resenha critica e porque não
A banda de rock gaúcha Bidê ou Balde, formada em 1998, lançou seu disco de estreia em 2000, intitulado “Se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor!”. Uma das faixas do álbum, “Melissa”, recebeu o prêmio de “Melhor Videoclipe de Artista Revelação” no prêmio VMB do ano seguinte, alçando o grupo para além das fronteiras do estado. Passado algum tempo, a banda voltou ao círculo de discussões nacional, dessa vez de forma negativa. A música “E por quê Não?”, quarta do disco, foi regravada para uma participação no Acústico MTV e, posteriormente, acusada de apologia à pedofilia e proibida de ser veiculada rádios.
O motivo principal é a letra escrita pelo vocalista Carlos Carneiro, que retrata um homem apaixonado por uma garota, supostamente sua filha. Alguns trechos como “eu estou adorando ver a minha menina com algumas colegas dela da escolhinha” e “te conheço desde que nasceu” corroboram a tese de pedofilia. As hipóteses de incesto aparecem na regravação, quando o vocalista afirma “teu sangue é igual ao meu, teu nome fui eu quem deu” em referência à menina – na versão original, ambas as sentenças são negações.
Em sua defesa, Carlos cita “Assassinos por Natureza”, filme que é considerado por muitos uma obra de arte e sobre o qual não se levanta a questão de apologia ao genocídio. Ele classifica como censura o ato de proibir a veiculação da música e diz que a faixa é uma expressão de arte como qualquer outra. Entidades em defesa das crianças e adolescentes, no entanto, acreditam que a canção banaliza a pedofilia e o incesto.
Parece pensamento comum para ambos que o autor não teve a intenção de fazer apologia à violência sexual contra crianças, mas que a música pode gerar esse tipo de interpretação por parte de algumas pessoas. Apesar de abrir perigosos pretextos sobre um tema preocupante como esse, a canção pode ser ouvida na Internet sem qualquer restrição. E já que ouvi-la é um direito, é no mínimo interessante