Psicologia
O SURGIMENTO DO HOSPITAL E A MUDANÇA DO PARADIGMA DA MORTE: * O hospital surge no século XVIII juntamente com a compreensão da morte. * Na idade média a morte não era assustadora, mas sim companheira da vida. Nessa época ela não era afastada do homem, mas compreendida como fenômeno natural e explicado pela religião. As pessoas morriam em casa e ali mesmo eram enterradas, uma vez que não existiam cemitérios como os de hoje. O homem medieval apresentava uma intimidade perene com a morte, que junto com a vida mais curta que tinham se tornavam mais apaixonados pela vida e seus prazeres. Ao mesmo tempo eram mais humildes e resignados para entender a progressão da vida como sendo a morte. Os médicos, por sua vez, anunciavam a morte de seus pacientes frequentemente e ela era esperada com o progredir da doença, uma vez que as enfermidades tinham quase todas maus prognósticos. * A partir do século XVIII a morte passou a ser negada e estigmatizada “quem morre é doente ou velhos”. O homem moderno tem horror de adoecer, por isso nega a todo custo a morte, pois ela passou a causar uma sensação de impotência. A morte passou a ter um caráter mítico e incômodo, devendo assim ser distanciada e ocultada nos hospitais e UTIs. Além disso, os médicos passaram a poupar o paciente de suas más notícias, tentando amenizá-las e aliviá-las. A morte passou a ser evitada ao máximo, com o uso de aparelhos cada vez mais avançados. Toda a equipe do hospital retarda ao máximo o momento de informar ao doente seu real estado de saúde e a possibilidade da sua morte. Mesmo uma morte certa, hoje é tratada com o incerta, como se houvessem sempre recursos desesperados de evitar que o paciente faleça. Socialmente falar sobre a morte tornou-se uma ousadia, uma atitude geradora de enorme tensão emocional. Adoecer nesta sociedade e consequentemente deixar de produzir , portanto, deixar de ser. Passa a ser vergonhoso porque dificulta que outros