Porto seguro
Nota-se, com certa razão, que a crescente tendência à uniformidade arquitetônica e urbanística das cidades diminui o vulto das obras de enriquecimento urbano interno (palácios, monumentos etc.), destacando-se na paisagem a grandiosidade dos aeroportos, cada vez maiores pelo crescimento progressivo das aeronaves, e também vias expressas, procurando facilitar o aumento da velocidade. Este é o modelo que se aplica à organização metropolitana dos países ricos heterogênicos condutores da economia do poder.
A cidade do final do século XX configura-se cada vez mais afastando-se da ordem e da beleza e identificando-se com o caos. Os organismos urbanos de hoje atingiram tal grau de complexidade que não só impossibilita qualquer pretensão a pensar naquele preceito platônico em sua avaliação. A cidade império da desordem e da feiura não pode evocar qualquer resquício de razão.
Mas não será apenas mediante essa via estética que a análise da cidade moderna se torna difícil, mas do próprio ponto de vista de uma análise científica. Torna-se necessário evocar as próprias limitações atuais da ciência a enfrentar fenômenos de complexidade insuspeita. E a própria ciência de hoje, malgrado todo o seu sucesso, canalizado para a aplicação tecnológica, enfrenta seus problemas e desafios. Também ela se vê atingida pela crise.
A tentativa de compreensão as leis da natureza resulta apenas em frustações. O