Planejamento de crises
Helena Machado Universidade do Minho Filipe Santos Universidade de Coimbra Resumo Nesta comunicação abordamos os discursos presentes na cobertura de imprensa realizada em Portugal a propósito da investigação criminal - o recente caso do desaparecimento de Madeleine McCann - seleccionando, para o efeito, dois títulos distintos (Público e Correio da Manhã), com o intuito de compreender as diferentes abordagens relativamente à construção de “dramas públicos” e projecção de “julgamentos mediáticos”. A lógica binária frequentemente adoptada na construção das narrativas mediáticas em torno de casos criminais constitui-se como incentivo à adesão emocional do público, assumindo contornos de “drama público”. Do mesmo modo, a cooptação da justiça como fonte de drama e entretenimento configura o que alguns autores designam por “julgamento mediático”, pelo qual os cidadãos são expostos a narrativas passíveis de modelar as suas percepções e atitudes face ao sistema de justiça criminal. Através de uma metodologia assente nos princípios da grounded theory, procedemos a uma análise dos discursos dos dois jornais, procedendo a uma identificação de distintos dispositivos retóricos que permitem concretizar uma distinção entre imprensa de “qualidade” ou de referência e imprensa “popular” ou tablóide. Os dois estilos de abordagem de um caso particularmente complexo em termos judiciais e mediático fornecem pistas para uma reflexão em torno dos potenciais impactos da imprensa nas representações e avaliações que os cidadãos fazem da justiça. De igual modo, são facultadas pistas para compreender de que forma estilos jornalísticos distintos projectam representações sobre a justiça, com consequências nas relações entre os media, os cidadãos e o sistema de justiça criminal.
Introdução Esta comunicação pretende explorar as narrativas construídas a propósito de um caso que foi alvo de uma atenção