Os parasitas

Casca de banana descontamina água
Brasileira criou técnica capaz de reduzir até 90% do urânio presente em efluentes industriais
Da Redação da Revista Cyan

Há processos que descontaminam a água usando bactérias. Outros fazem a purificação retirando o arsênico da água ao empregar compostos que combinam nanocristais magnéticos com materiais baseados em grafeno, que são formados unicamente por átomos de carbono.
Na busca por soluções inovadoras, a pesquisadora Milena Boniolo, doutoranda em química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista, utiliza um material ainda mais exótico para tratar a água: a casca de banana.
A ideia surgiu quando ela viu na televisão, há cerca de cinco anos, uma estatística preocupante: cerca de 4 toneladas de cascas de bananas são descartadas semanalmente apenas pelas redes de fast food em São Paulo.
Na época, ela já trabalhava com métodos de tratamento de água. Então, começou a produzir um pó com cascas de banana a fim de testá-lo nas suas experiências.
O processo de fabricação é simples. As cascas de bananas são colocadas em assadeiras, que secam ao sol por cerca de uma semana, e depois são trituradas. O pó resultante é peneirado até ficar bem fino (confira todo processo no infográfico abaixo).
O produto final mostrou-se eficiente na descontaminação da água de metais pesados, como chumbo, níquel e urânio. O objetivo inicial de Milena, foco de sua dissertação de mestrado, foi retirar o urânio da água contaminada.
O percentual de descontaminação obtido com o processo, segundo a pesquisadora, é de no mínimo 65%. E ele pode ser repetido várias vezes, chegando a valores de remoção mais altos, de até 90%.
A maior fonte de contaminação por urânio são as indústrias de fertilizantes. "A cada tonelada de fertilizante fosfatado fabricado, 4 toneladas de um subproduto indesejável, o fosfogesso, é gerado. Trata-se de um material rico em urânio, entre outros metais pesados", explica Milena. Caso o fosfogesso