Mircea Eliade-Mito e Realidade

TRECHO DO LIVRO – MITO E REALIDADE

I – A ESTRUTRA DOS MITOS

A importância do “ mito vivo “
O mito há foi tratado de forma como invenção ou ficção, mas uma melhor definição para ele, seria trata-lo como uma “ história verdadeira”, extremamente preciosa e significativo até mesmo em um caráter sagrado. Ainda hoje ele é tratado como ilusão ou ficção nas formas de tradição sagrada, revelação e modelo exemplar, o que é um pouco equivocado. Xenófanes foi o primeiro a criticar e rejeitar expressões mitológicas, o mythos acabou por ser tudo aquilo que não pode existir realmente, o judeu-cristianismo levou para o lado da falsidade, tudo o que não fosse justificado pelos testamentos. Em algumas sociedades ainda existe o “mito vivo”, que fornece modelos para a humanidade assim tem valor e existência, compreender a função dos mitos nas sociedades tradicionais, ajuda a entender melhor nosso contemporâneos. Na Oceania os “cargo cults” não poderiam ser justificados sem os mitos, esses cultos falam de uma era fabulosa, como por exemplo quando os indígenas voltariam a ser os senhores de suas ilhas e não trabalhariam, pois os mortos trariam toda abundância de volta, de uma lado haveria destruição e de outro construção. Uma nova era existiria e os membros do culto seriam imortais, e haveria liberdade, isso tudo é explicado pelo mito da Destruição do mundo, seguido pelo mito da Criação.
No Congo os indígenas retiraram os tetos de suas casas na esperança que chovessem moedas de ouro jogadas pelos ancestrais mortos, talvez por isso mesmo em situação de abandono, os caminhos aos cemitérios eram conservados.
Esses tipos de fenômenos estão cada vez mais raros, mas o que virá em seu lugar talvez não nos ajude a compreender o que passou. Ao compreender e captar esses sentidos reconhecemos fenômenos humanos de cultura, e não formas infantis.
Devemos ou esquecer essas situações tratando-as como besteiras, os compreendemos e damos um valor religioso, já que tratados dessa