Mestre

296 palavras 2 páginas
Rafael Bordalo Pinheiro

Sendo no seu labor um caricaturista implacável dos homens e dos processos políticos, apareceu sempre como um evidente sequaz das ideias que, sob a forma partidária, se iriam concretizando entre nos desde 1876 com a criação do Centro Republicano Democrático Português ou Partido Republicano. Essa nova agremiação partidária, com evidente poder de mobilização popular e grande fascínio cultural, sobretudo desde o Tricentenário Camoniano de 1880, que teria no romance de Eça de Queiroz, “A Capital!”, uma sátira de algum modo premonitória do ulterior destino das ideias e das práticas republicanas entre nós.
Rafael Bordalo Pinheiro, de seu nome, crítico inflexível e tenaz da monarquia constitucional bragantina, dos seus homens e sistema politico, a geringonça politiqueira de Gérolstein, adaptado a este pobrete mas alegrete país do extremo sudoeste europeu. Esta sua contestação, tanto na sua forma regeneradora ou fontista como, por fim, na sua cada vez mais afirmada variante finissecular de abandono dos pressupostos liberais do sistema implantado desde 1820 e retomado em 1834, por fim estabilizado desde 1851. Com o inevitável resvalar, progressivamente mais evidentes, para formas ditatoriais, deriva fatal que levaria à dementada aventura franquista de 1906 à 1908. Quando, num lance de sangue, um monarca perdeu a vida e a monarquia baqueou, ferida de morte. Levando a primeira ditadura de João Franco, na busca afanosa de Endireitas militares que salvassem a realeza e os seus dinastas. A transformação do mundo alegremente offenbaquiano numa soturna tragédia de sangue e grandes cóleras populares, assim, explodindo em revoltas previsíveis desde a crise do Ultimato britânico ao futuro terramoto republicano de Outubro de 1910, passando pelos dias de permanente tumulto, abrasiva cólera e hybris assassina do Terreiro do Paço no começo de Fevereiro de 1908.

Ricardo Reyes
49910

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