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5990 palavras 24 páginas
O Texto teatral do bumba-meu-boi

O

bumba-meu-boi ou, simplesmente, o boi, é o folguedo popular de maior e melhor aceitação entre os menos abastados da terra cearense. Quando, aos poucos, vai desaparecendo a encenação de pastoris e torna-se rara a função dos congos – distanciando-se a época em que existiram e foram documentados, com facilidade, por escritores como
Gustavo Barroso – o bumba-meu-boi conserva-se firme à sua tradição de divertir o povo, superando as dificuldades impostas pelos tempos modernos e o desinteresse das elites, agora, mais caracterizadamente desamorosas aos sentimentos coletivos dos pobres.
Em parte, o desinteresse pelos folguedos populares decorre do advento dos meios modernos de diversões – o cinema, o rádio, por exemplo – do futebol, da vida social mais intensa em clubes, sob a influência de novos hábitos; do próprio encarecimento do custo de vida, tornando difícil a formação de novos grupos festeiros para divertimentos sadios e, em última análise, da falta de estímulo do poder público pouco receptível a essa modalidade de entretenimento das massas.
Tema apaixonante para numerosos folcloristas, o bumbameu-boi tem ido às páginas de diversos livros, merecendo judiciosos estudos e interpretações. Dentre tantos, que a memória não ajuda a citar sem as inevitáveis omissões, podereESTUDOS DE FOLCLORE CEARENSE

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mos lembrar os nomes de Gustavo Barroso, Luís da Câmara
Cascudo, Rodrigues de Carvalho, Melo Morais Filho, Oneyda
Alvarenga, Florival Seraine, Ascenço Ferreira.
O folguedo popular, tendo como principal figura o boi, não é divertimento somente nosso. Pode-se descobrir semelhanças no “Beef Gras” dos franceses, na “pantomima taurina chamada “La Barroza”, que se realiza na localidade de Ovejar, da província espanhola de Soria, com um touro de disfarce”, conforme lembra Florival Seraine, citando Hoyos
Sáinz, de onde teria se gerado. E de acordo com outros, inspira-se o autodramático no culto ao boi, animal que nesse desfilar de séculos já

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