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Ao tecer considerações sobre o poema “Madrigal tão engraçadinho”, de Manuel Bandeira, Márcia Abreu explica que “madrigal é um pequeno poema, engenhoso e galante; é também um modo de cortejar as damas” (p.27).
Todos os poemas abaixo têm a palavra “madrigal” no título. Aponte aquele que menos se aproxima das explicações de Márcia Abreu por não se dirigir a uma mulher.

Madrigal

Dormias, Márcia, e eu vi Cupido ansioso
Já dum, já do outro lado
Querer furtar-te um beijo gracioso,
Que tu, a cada arquejo descansado,
Na linda boca urdias.
Graciosíssimo, oh! Márcia!... Não sabias
Como o nume girava de alvoroço.
Escondendo-lhe o jeito
De o dar do melhor lado. Eu vim, e dei-to
Bem na boca, e logrei o esperto moço.
(Francisco Manuel do Nascimento)

Madrigal

Toda a manhã fui a flor impaciente por abrir.

Toda a manhã fui ardor do sol no teu telhado.

Toda a manhã fui ave inquieta no teu jardim.

Toda a manhã fui ave ou sol ou flor secretamente ao pé de ti.
( Eugenio de Andrade)

Madrigal da poeta feminina

Deu-me uma vontade repentina
De lhe corteja, Martha Medeiros.

Dizer-lhe nesses dias corriqueiros
Que seus versos apaixonam minha retina
E aliciam os meus poemas rotineiros.
(Souza da Silva)

Madrigal dos cinquenta anos

Com as mesmas palavras do passado
Digo que te desejo, vida!
E como um namorado
Que desmede a paixão, já desmedida,
Prometo
Ser-te fiel sem esperança.
Fiel à consciente
Temeridade
De amar intensamente
Sem mocidade.
(Miguel Torga)