historia
Mais ao sul, na margem meridional do baixo rio Congo, existiu um reino que se tornou conhecido não só em razão da influência que teve sobre os povos da região, mas porque sobre ele foram deixados relatos, feitos por europeus que o conheceram e nele moraram. Estes, além de suas observações, registraram a história oral dos povos locais. Os textos que escreveram são a base para reconstituirmos a história dessa sociedade, que se formou a partir da chegada de grupos vindos do noroeste, da outra margem do rio Congo.
Os membros desse grupo de estrangeiros, que seguiam a liderança de Nimi a Lukeni, passaram a ser chamados de muchicongos e ocuparam terras já habitadas por outros povos bantos, como eles. Por meio de casamentos e alianças, os recém-chegados se misturaram aos antigos moradores dessas áreas, mas guardaram para si as posições de maior autoridade e poder. Sob a liderança dos muchicongos, radicados na capital (Banza Congo), se formou uma federação de províncias às quais pertenciam conjuntos de aldeias. Nestas continuaram em vigor os poderes tradicionais das famílias, as candas, que as haviam fundado. Nas aldeias, um chefe e seu conselho tratavam de todos os assuntos referentes à vida da comunidade. Já um conjunto delas estava submetido à autoridade de um chefe regional, que fazia a ligação delas com a capital, de onde o ntotila, ou mani Congo, governava todo o reino.
Banza Congo, ou São Salvador, como a capital do reino do Congo passou a ser chamada depois de seus chefes adotarem o catolicismo, em gravura do século XVII
Nas aldeias foram mantidas as chefias existentes antes da chegada dos muchicongos. Nas províncias, como os europeus passaram a chamar os conjuntos de várias aldeias, elas foram divididas entre chefes das candas tradicionais e chefes indicados pelo mani Congo entre os descendentes dos muchicongos. O reino do Congo se formou a partir da mistura, por meio de casamentos, de uma elite tradicional com uma elite nova,