Hiperatividade: sintoma de quem?

HIPERATIVIDADE: SINTOMA DE QUEM?

José Augusto Kirch

Resumo
A sociedade contemporânea experimenta uma lógica do “hiper”, ou seja, de velocidade das coisas. Neste ambiente, tomado pela busca infindável de objetos, não há espaço para o vazio, está tudo pronto, produzindo-se novas formas de subjetivação nos âmbitos da família, infância e escolas. Assim, as crianças são sensores das relações daquilo que está se estabelecendo neste contexto enunciando o sintoma de um social hiperativo. Os espaços institucionais que compõem a infância se desautorizaram do saber sobre as crianças e delegam essa função à diversas especialidades, ocorrendo muitas vezes , a medicalização e silenciamento do social. Portanto, o presente artigo aborda a infância na articulação entre cultura contemporânea e produção de subjetividade, enfatizando o papel dos cuidadores e os espaços coletivos como potencialidades para retirar da criança o rótulo de hiperativa e compreender este sintoma que está disperso no social e é produto de uma sociedade “hipercontemporânea”.

Palavras-chave: infância, social, sintoma e hiperatividade

Abstract

Contemporaneous society experiences a ‘hyper” logic, that is, a logic based on velocity of things. In this environment, dominated by the endless search for objects, there is no room for emptiness, everything is ready. This engenders new form of subjectivity within the family, infancy and school environments. Thus, children react to relations developed within this context, announcing the symptoms of a hyperactive form of sociability. Institutional spaces which encompass infancy have disenfranchised themselves from the knowledge about children and have delegated that function to diverse branches of knowledge, which often incur in medicalization and silencing of society. Thus, the present article envisages infancy as one of the articulations between contemporaneous culture and production of subjectivity, emphasizing the role of care-takers and collective