Grupos e Ressignificação da Deficiência

5. Grupos e Ressignificação da Deficiência e da Feminilidade

Outra questão que emergiu dos discursos das mulheres entrevistadas foi da participação em grupos de apoio voltados aos diversos temas vivenciados por elas no cotidiano, e da contribuição desses para mudanças significativas em suas vidas. As mulheres participavam de grupos como “Grupo das Mulheres” e o “Grupo Reabilitando para a Vida”, dicutindo temas relacionados à corpo, gênero e sexualidade.
Grupo e Movimento Social Os grupos foram entendendidos como mediadores da configuração da identidade coletiva de mulher e de pessoa com deficiência. Segundo Meluci (2001), a configuração das identidades se dá a partir das sínteses de múltiplas identificações e formas de produção da diferença que os sujeitos ou grupos tem no decorrer do seu processo de constituição. A ABLUDEF assumindo a configuração de um movimento social de pessoas com deficiência, caracteriza-se como tal pelo fato de seus integrantes participarem ativamente dos espaços legitimados do controle social, participando dos conselhos municipais, fóruns e conferências sobre assistência social, acessibilidade, direitos da mulher, buscando a inclusão social, além do fato de ser dirigida por pessoas que compartilham da experiência da deficiência. De acordo com a Psicologia de Vygotski, com a filosofia de Espinosa e autores marxistas, cujo trabalho foi baseado, entende-se os grupos como mediadores do processo de apropriação das normas e valores sociais presentes na sociedade, portanto, é por meio dos grupos concretos, como a família, colegas de trabalho, comunidade de amigos entre outros, que o sujeito se constitui. Todas as mulheres entrevistadas afirmaram que a inserção na instituição e a participação nos grupos de apoio trouxeram mudanças significativas em suas vidas. Pecebe-se isso no relato de Moranguinho, que antes de começar a participar dos grupos não achava que devia se cuidar e tinha uma imagem negativa de si mesmo.

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