Foucault e a loucura

1. A leitura do texto permite algumas reflexões acerca das diferentes abordagens acadêmicas sobre loucura. Aponte, de forma comparativa, o que Foucault aponta a respeito do início da psiquiatria e o que essa psiquiatria concorda/discorda dele. Explique suas comparações. Michel Foucault analisa a questão da loucura em “Loucura e desrazão: história da loucura na idade clássica” comparando as diferentes análises no período arqueológico e genealógico. Dá para concluir que o diagnóstico binário, a ausência de corpo, a descrição de superfície dos sintomas, a classificação de doenças como se fosse uma explicação de botânica em vez de nosologia patológica, o processo de cura diretamente vinculado às condutas e valores morais, assim como o sobre-poder que o psiquiatra exerce, parecem falar da persistência de um antigo modelo de poder, um modelo pré-moderno e précapitalista. A psiquiatria moderna de Pinel discorda desses aspectos, trazendo explicações psíquicas para o que hoje vemos como uma sucessão de fatores hormonais, casuais, físicos e pessoais (a depressão, a tuberculose, etc.).

2. Segundo o autor, o que “Foucault deixou de reconhecer”? Explique com suas palavras, trazendo como centro da discussão os filmes assistidos em aula (Menos Que Nada e Estamira). Foucault deixou de reconhecer que a loucura não é a perda total de razão. O autor mostra que Pinel disse que existe uma reserva subjetiva que impede o louco de ser tomado totalmente pela loucura, mostra que Hegel apontou a loucura como um desarranjo, uma contradição interior da razão. No Estamira (documentário retratando a vida de uma senhora do mesmo nome), podemos observar a filosofia eloquente trazida por essa mulher que vivia num aterro com resíduos quimicos, ela não deixa de ter lapsos ótimos e contestadores da “sã consciência”. O mesmo acontece em Menos Que Nada, onde a médica Paula investiga a vida antes da internação do paciente Dante e percebe o quanto o asilo, questão contestada pela psiquiatria