CARR, Edward Hallett. O Historiador e seus Fatos. Carr inicia o texto perguntando “O que é história?” Em seguida reponde esta pergunta através de dois teóricos que se contradizem, Acton teorizando sobre uma história totalizante e Sir George Clark que discorre sobre uma história constantemente reescrita e completa de lacunas, pois a história não é uma ciência natural, os registros do passado são processados a partir de relatos humanos, portanto não estão livres de subjetividades.. Carr entende que esta diferença de ideia parte de um contexto temporal, portanto circunstancial, afinal, segundo ele Acton fala a partir da autoconfiança límpida da era vitoriana e Sir George Clark partindo do ceticismo da geração beat, ou seja, a resposta dada em um determinado período é um reflexo dos posicionamentos e ideologias intelectuais dos indivíduos em determinado período. Ao discorrer sobre os paradigmas positivistas, Carr lembra o aforismo de Ranke que dizia “apenas mostrar o que realmente se passou”, e o quanto esta ideia foi influente no século XIX ao postular afastamento do sujeito ao objeto para que a história se afaste da história moralizante, deixando os documentos falarem por si. Carr apresenta o fato histórico como um evento passado selecionado pelo historiador, transmuta-se em fato histórico a partir do julgamento do cientista que o elege como tal, apesar das teorias positivistas, o fato histórico é inalienável da interpretação do historiador, afinal a sua seleção já surge de uma inclinação do cientista que o elegeu como fato histórico e que o contextualizará. Porém ser selecionado pelo historiador como objeto não bastará para que um determinado evento seja eleito como fato histórico e sim sua repercussão perante a comunidade acadêmica. Alguns desafios são apresentados por Carr, o caráter lacunar das fontes, a escassez das fontes, a inclinação relatada pelas fontes que somadas com a escassez das fontes podem apontar para os fatos com um único ponto de vista,