Resenha - Edward Carr 20 Anos de Crise - Cap. 3 e 4
No período entre guerras, após diversos países estarem enfrentando a decadência de crises econômicas, abriu-se espaço para a aparição de novos vieses políticos que visavam evitar uma nova guerra e estabelecer consensos entre as nações em relação às ações a serem executadas nos âmbitos político, social e econômico. A obra de Edward H. Carr, Vinte Anos de Crise, foi escrita neste contexto e critica o pensamento utópico que tentava, baseado nos princípios de racionalismo e individualismo, constituir uma sociedade pacífica e diplomática. Mostra, com efeito, as falhas dessa teoria, trazendo elementos históricos, como a criação da Liga das Nações, para reforçar seus argumentos e explicita a necessidade histórica de uma análise científica com base no realismo e que, ao mesmo tempo, leve em conta a relevância das reflexões utópicas, mesclando estes ideais para obter um raciocínio maduro.
Carr foi um teórico das relações internacionais, jornalista e historiador britânico. Ficou conhecido pelo seu trabalho sobre a União Soviética e era integrante do Ministério das Relações Exteriores britânico, o Foreign and Commonwealth Office, por vinte anos. Aluno da Universidade de Cambridge, seguiu carreira acadêmica e também trabalhou como editor assistente do London Times.
No terceiro capítulo da obra abordada, “O pano de fundo utópico”, o autor discorre sobre o advento do utopianismo na história. O desapego às leis divinas do período medieval deram origem à lei natural, apegada à “intuição do coração humano sobre o que seria moralmente correto” (p.33). As primícias deste arquétipo estão pautadas no individualismo e no racionalismo; o individualismo pregava a confiança na consciência de cada cidadão para julgar ações como certas ou erradas, e, como consequência, o racionalismo seguia a mesma linha de raciocínio, voltado para o entendimento das leis e a prática de ações