Dom casmurro - resenha

Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiuçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambigüidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.

"Capitu traiu ou não Bentinho?"
Eis o maior emblema da literatura nacional. A dúvida de muitas e que gera fortes argumentos para ambos os lados. Será que a dona dos olhos de cigana oblíqua e dissimulada realmente traiu o "mocinho" da história?

Como na vida sempre é necessário tomar parte de um lado, eu acredito que Capitu não traiu Bentinho. E como todo bom leitor, tenho meus argumentos para tal defesa.

Machado de Assis ao escrever o livro em primeira pessoa, trouxe uma visão única e exclusiva de Bentinho, só sabemos a parte da história contada por ele. E se Bentinho tiver mentindo? Não há ninguém para confirmar se a traição é verídica ou não.
Ainda podemos atribuir inúmeras características ao personagem que pode ter levado ele a crer que houve traição. Bentinho é inseguro, ciumento, egoísta, machista e preconceituoso, portanto, ele poderia vê e acreditar no que bem entendesse. Quando o ciúme é demais, a imaginação também é grande.

Não estou dizendo que Capitu era uma santa, mas é injusto dizer que ela cometeu traição, já que todas as perspectivas que temos são dadas por Bento Santiago.
Além das características que citei de