Direito Grego e Totem (Freud)

Cada cultura possui uma forma de entendimento da origem do mundo e para fins didáticos o presente trabalho focará na sociedade grega ateniense e nos romanos por se tratarem dos povos base da formação do mundo ocidental moderno. Como já explicado anteriormente a base psicanalítica freudiana concentra-se na figura do pai e o seu "destronamento" para a criação da religião, no universo do grego antigo o paradigma era o cosmos, mundo físico da natureza interpretado através do logos (racionalidade), o que não impedia um misticismo para a concepção do mundo. Segundo Hesíodo em sua obra-prima Teogonia:
Primeiro surge Caos, a existência indistinta, depois Gaia, a Terra, que cria Urano, o céu. Urano todas as noites tem filhos com Gaia, os titãs, porém ele os odeia e esconde os mais novos de Gaia. Para se vingar ela forja uma foice e pede para que seus filhos castrarem Urano, apenas o seu filho mais novo Chronos aceita a missão. Chronos castra então seu pai, porém uma profecia diz que um dos filhos de Chronos fará o mesmo com ele, portanto o titão devora todos os filhos que tem com Réia, sua irmã. Em um último ato de desespero a titã consegue esconder seu filho mais novo, Zeus, na terra, e este quando fica adulto volta e castra seu pai Chronos. Zeus então organiza o mundo e passa a ser conhecido como "deus dos deuses e dos homens".
A imagem da morte do pai, da castração é de grande simbologia para a psicanálise freudiana, as mulheres não são elementos ativos na trama (apesar da mitologia grega mudar isso no seu decorrer). Destoante da mitologia o incesto era proibido, porém primos e meios-irmãos não eram considerados parentes, por tanto era permitido o casamento [nota de rodapé 1] . A importância do homem é clara e a imagem do falo é associada ao poder, a hierarquia. O Direito para os gregos não era considerado como expressão divina e sim uma construção civil por meios democráticos, no entanto o mito apresentado a cima pode ser esclarecedor em alguns pontos da