Cultura, um conceito antropológico

Cultura e humanidade são dois conceitos que se encontram intimamente entrelaçados. Como a espécie humana pode ser una e ao mesmo tempo tão diversa em termos culturais? O que é natural e instintivo no homem, e o que é cultural? A humanidade é inata ao ser humano ou é algo que se constrói com o passar do tempo?
Ao longo dos séculos muitos estudiosos se dedicaram a questões como estas. Entre eles, Edward Taylor foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico da forma como se dá atualmente. Segundo Taylor em Primitive Culture (1871): “cultura é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade”.
Muitas outras definições foram formuladas. Teorias e correntes ideológicas se elevaram em torno do novo conceito. A crença de que certos grupos humanos, etnias ou “raças” têm características inatas é antiga. A ela, dá-se o nome de Determinismo biológico. Um possível exemplo dessa teoria é a visão teleológica ou evolucionista de Auguste Comte. Nela, Comte determina que o maior ponto de desenvolvimento humano esta pautado na sociedade industrial europeia de sua época. Desconsiderando dessa forma todas as outras sociedades em detrimento da sociedade europeia. Neste exemplo, o etnocentrismo esta interligado ao determinismo biológico. Pois, mas tarde, essa teoria foi utilizada como justificativa da entrada da Europa em continentes como África e Ásia, no período de imperialismo e neocolonialismo. O que ficou conhecido por: “missão civilizatória europeia” com sua ideologia de “superioridade branca”.
Os antropólogos estão completamente convencidos de que as diferenças biológicas não determinam as diferenças culturais. Portanto, o correto é não estabelecer parâmetros ou hierarquias ao se tratar de cultura. Pois, como o historiador grego Herótodo (484 – 424 a.C), afirmou: “Se oferecêssemos aos homens a escolha de todos os