Crónica sobre Daniel Pennac

810 palavras 4 páginas
TRESLER por Joaquim Igreja joaquim.igreja@gmail.com Cábulas e marrões
“(Para o mau aluno) a ignorância faz parte da sua natureza profunda.” (Daniel Pennac)
A palavra “cábula” está definitivamente fora de moda e dificilmente se enquadra num sistema de ensino compreensivo e integrador como o atual, que tem respostas supostamente para tudo. No meu tempo de estudante do secundário (anos 70), ela marcava bem o aluno que com desleixo ou desinteresse não ligava aos estudos, carregando assim um estigma culpabilizante frente aos professores e aos pais, que “faziam sacrifícios” para o ter a estudar. Mas a ideia da preguiça inerente à palavra não significava necessariamente o que mais tarde se passou a chamar um “mau aluno” ou um “calão”, termos estes mais ofensivos ainda, quase a indicar que o aluno não aprendia “de propósito” ou desenvolvia maus comportamentos na turma.
Pode um aluno não aprender de propósito? Perante a gravidade desta afirmação, o que podemos dizer é que a escola não é nesse aspeto diferente das outras instituições que integram indivíduos. Como professor, conheço alunos que carregam há anos o peso do insucesso que lhes está marcado na pele, não sendo a escola capaz de provocar neles qualquer inversão. Isto em alunos dóceis, quanto mais em alunos revoltados ou rebeldes. Carrego como outros professores as reações frias e já acomodadas de certos alunos cujos resultados dececionantes não levantam neles a mínima reação no momento da entrega de um teste. Como se aquilo fosse “normal”. Daniel Pennac, em “Mágoas da Escola”, retrato do seu percurso escolar de adolescente, também ele dececionante, aponta assim as características do cábula: “perda de confiança em si próprio, renúncia ao esforço, incapacidade de concentração, distração, mitomania, constituição de bandos marginais, por vezes álcool, às vezes drogas também”. E em casos mais extremos, a perda de sentido da realidade ou de consciência moral. Mas atrevermo-nos a dizer que alguém não quer

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