Corpo Humano
Pesquisadora atuou como executiva por 12 anos
“Sempre estudamos a Revolução Industrial como um grande feito, sem considerar que houve uma exploração maciça e cruel da população. Foi a mais radical transformação da vida humana já registrada em documentos escritos, segundo Eric Hobsbawn, que deveria ser mais lido para fundamentação histórica”, afirma Maria Cecília Ugarte, referindo-se ao historiador cujos conceitos sustentam boa parte da dissertação. Ela lembra que antes da revolução, durante séculos, os corpos trabalharam integrados com suas ferramentas, como os teares, num urdir e tecer em ritmo natural, onde estavam presentes as sensações corporais, a imaginação e as emoções. “Podia-se parar, conversar, rir e recomeçar. Era o homo laborens, que estava em inter-relação com as pessoas, os objetos e a natureza”, observa.
Segundo a pesquisadora, o capitalismo na Inglaterra começou no lar, já por volta de 1750, com o trabalho de pai, mãe e filhos em favor de um empreendedor que fornecia a matéria-prima. Todas as casas tornaram-se fábricas em miniatura e foi justamente com este artesanato doméstico que se iniciou a transformação dos processos produtivos. “Aos poucos, o homo laborens