conto tradicional
O poema é constituído por quatro estrofes, duas quintilhas e duas quadras. A maioria dos versos são soltos/brancos havendo apenas uma rima que é cruzada, pobre e consoante.
Divide-se o poema em duas partes: a primeira que se ocupa das três primeiras estrofes e a segunda que se ocupa da última; uma divisão lógica pois na primeira parte o “eu” poético limita-se a descrever as palavras e na segunda e última o “eu” interroga os leitores acerca das palavras também.
Quanto à forma icónica o poema revela-se irregular. São usadas algumas figuras de estilo como a comparação - “São como um cristal, as palavras.”; metáfora – “Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam (…).”, “Tecidas são de luz”, “ (…) são noite.”; antítese – “Tecidas são de luz e são noite.”; enumeração – “(…) cruéis, desfeitas (…).”, “Desamparadas, inocente, leves (…)”; interrogações retóricas – Quem as escuta? Quem as recolhe (…) nas suas conchas puras?”.
Este texto de Eugénio debruça-se sobre o valor polissémico das palavras. No primeiro verso o sujeito poético visa enfatizar a comparação, recorrendo ao hipérbato, – “São como um cristal, as palavras.” – colocando-a no início do verso. As palavras são comparadas com um cristal pois estas, tal como os cristais, possuem várias “faces”, quer isto dizer, podem adquirir vários significados (polissemia). Na primeira estrofe ainda, as palavras são identificadas como: um punhal o que remete o leitor para a agressividade, morte e consequentemente dor e sofrimento; um incêndio, o que aponta para a destruição; e finalmente como orvalho “apenas” que se refere à calma, à suavidade, à brandura.
A segunda estrofe inicia-se com uma alusão às palavras como essenciais e intemporais pois atravessam os tempos e trazem consigo as histórias e os segredos dos homens; funcionam como elemento essencial na comunicação entre os seres falantes desde a antiguidade. O resto da estrofe revela a insegurança que