Carnaval: A cultura popular civilizatória como compreensão de identidades, espaços e práticas sociais.
A cidade guarda segredos, cumplicidades e tradições reservando um histórico singular a cada lugar. Sabe-se que em todos os bairros existem peculiaridades que seus moradores e freqüentadores dividem, o que causa uma coesão social e até uma certa cumplicidade, criando assim uma participação única que é passada de geração em geração. É o homem comum que nutri, alimenta essa cidade com informações, segredos, ele é o ator social responsável por essa dinâmica, criando uma cartografia simbólica à um determinado espaço. Esta cartografia simbólica só é criada através da ininterrupta comunicação que existe na cidade e por isso permite redesenhá-la a partir da cultura comunitária popular. Existem duas formas populares de cultura: as formas de consumo cultural e as práticas do cotidiano, ambas são táticas produtoras de sentido, de como nasce e se mantém a identidade de um local.
Como prática do cotidiano, o Carnaval é festa civilizatória. Seu febril reinado sobre os homens é antigo e vasto. Loucura coletiva e multifacetada, paradoxalmente regrada, a um só tempo brincadeira e coisa séria incitando a paixão a vivê-la e desafiando a razão a usá-la como caminho que levará a uma possível explicação da libertação que ela promove aos diversos atores sociais.
O Rio de Janeiro com seus carnavais múltiplos e em mútua relação, num jogo tenso de interinfluências entre diferentes camadas e grupos sociais será o cenário do presente estudo, onde o evento carnaval promove transformações na sociedade. A base conceitual do trabalho é a proposta de apreender a articulação entre espaço urbano e festa carnavalesca - a análise da definição processual de 'lugares' carnavalescos na cidade e as inversões sociais que nele acontecem. O acesso a essa festa também será abordado através da análise do papel do carnaval com entretenimento e como produto da cultura midiática, sendo a espetacularização e a estetização do cotidiano entendidos como eixos organizadores dos