Cambio fixo

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Câmbio fixo nunca mais

Marco A. C. Martins

Em novembro de 1997, discorri nesta página a respeito da gravidade da situação cambial e alertei: deixem o câmbio flutuar. Pois aqui estou para novo alerta: câmbio fixo nunca mais.

Num sistema financeiro globalizado e estruturado na circulação de moedas-reservas emitidas sem lastro, é indispensável que as relações econômicas internacionais sejam mediadas por um regime de câmbio suficientemente ágil para detectar, no ato, as mais diminutas mudanças nos fluxos monetários e nas oportunidades para arbitragens financeiras internacionais. Aqui não há senões: só o da livre e plena flutuação cambial, adotado pelas grandes potências financeiras, assegura esse grau de agilidade.

Nesse contexto, praticantes do câmbio fixo ou de suas variações não passam de bando de ingênuos. Não distinguem papel pintado de recursos reais. Sempre tomam empréstimos externos a custos maiores do que os efetivos e vendem o futuro a preço vil. Por isso os países mais atolados em problemas internos e externos são exatamente os que adotaram alguma versão desse regime nos últimos anos.

No Brasil, os dados demonstrarão, com fartura, que praticamente 100% dos gravíssimos problemas atuais, o da estagnação endêmica, o do desemprego crônico, o do desequilíbrio fiscal e o dos brutais US$ 600 bilhões de endividamento interno e externo, estão umbilicalmente ligados às políticas cambial e de dívida interna dos últimos trinta anos.

A primeira falseou os custos efetivos de longo prazo do endividamento externo e induziu a economia brasileira a cair num verdadeiro conto do vigário, o ‘‘conto da dívida externa’’ conforme expliquei em artigo publicado na Folha de S. Paulo em 31 de outubro de 1982, há quase vinte anos. A outra falseou contas públicas, jogou juros para a estratosfera, apenou investimentos produtivos, aumentou o desemprego e derrubou a taxa de poupança interna.

É, portanto, com euforia e esperança que se deve aplaudir a flutuação

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