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Ética empresarial ou "ética" manufaturada pelas empresas?

Você fez um estudo sobre a ética empresarial (business ethics) analisando documentos corporativos e de associações patronais relativos ao assunto, além da literatura especializada. Muitos dos esforços nesse sentido datam de antes dos escândalos que sacudiram o mundo corporativo dos Estados Unidos neste início de século 21. Quando começou essa cruzada pela ética empresarial de fato?
As primeiras publicações aparecem nos anos 50 e 60, mas somente nos anos 80, com a onda neoliberal, as empresas criam, nos Estados Unidos, estratégias para enfrentar certas pressões sociais. No início, o que se buscava era remover as dificuldades internas de lidar com valores morais, interpretados como “a” causa das fricções entre organizações e sociedade. Nesse início, a ética empresarial dependeu em alguma medida da importação da ética filosófica.
Com o tempo, as preocupações com a ética tornaram-se problemas gerenciais, em especial em 1991, quando as autoridades norte-americanas aprovaram uma série de normas de controle para crimes corporativos, as FederalSentencingGuidelines for Organizations (FSGO), fazendo as empresas responderem judicialmente pela má conduta de seus empregados.
O que diziam essas guidelines?
O texto legal baseou-se num programa anterior, de auto-regulação, elaborado pela indústria de armamentos. As exigências resumem-se em sete iniciativas (ethicscomplianceprogram), para incentivar as empresas a:
1) estabelecer padrões de conduta (compliance standards) e procedimentos para serem seguidos por seus empregados ou outros agentes;
2) designar responsáveis (do alto escalão) pela supervisão e cumprimento dos padrões e procedimentos estabelecidos;
3) não delegar substancial autoridade discricionária a indivíduos sobre os quais se saiba que têm propensão ao engajamento em atividades ilegais;
4) tomar iniciativas para comunicar eficientemente seus padrões e procedimentos a todos os empregados e outros