ANÁLISE COMPARATIVA DE DOENÇA MENTAL E PERSONALIDADE (1954) E A PESQUISA CIENTÍFICA E A PSICOLOGIA (1957)
Doença Mental e Personalidade
Doença Mental e Personalidade é uma obra de Michel Foucault publicada em 1954 que visa, mostrando equívocos cometidos no âmbito da psicologia através da patologia mental e sua relação com a personalidade, “um ultrapassamento da psicologia empírica com o intuito de fundá-la em um solo mais seguro”1. Nessa época o autor assume um caráter humanista, acreditando na existência de um homem real, em sua totalidade, que não faria parte de um mundo conflituoso. Para que se chegasse a esse resultado, era preciso a construção de “uma antropologia social”.
Sendo assim, o primeiro capítulo intitulado “Medicina Mental e Medicina Orgânica”, mostra que é um erro supor uma “metapatologia”, em que a doença mental é tratada da mesma forma que a orgânica. Enquanto que na última as manifestações podem ser isoladas do meio onde o indivíduo vive, a primeira tem uma relação direta com a cultura e o meio onde ele está inserido. O capítulo é finalizado expondo que, “É preciso […] analisar a especificidade da doença mental, pesquisar as formas concretas que ela pode tomar na vida psicológica de um indivíduo; depois determinar as condições que tornaram possível estes diversos aspectos, e restituir o conjunto do sistema causal que as fundou”2. Todas essas questões serão respondidas nos próximos capítulos, que são divididos em parte 1 (As Dimensões Psicológicas da Doença) e parte 2 (Condições da Doença).
A primeira parte mostra como as dimensões psicológicas identificam a doença mental, iniciando, no capítulo 2 (A Doença e a Evolução), com uma concepção naturalista. Voltar-se-ia a um estado menos evoluído, como se um adulto voltasse a ser uma criança (em um sentido metafórico). As funções complexas dentro do organismo seriam “apagadas”, enquanto que as funções simples seriam exaltadas.
Porém, essa análise não singulariza a doença, não mostra como o