Antropologia Contemporânea

1 – Para falar a respeito da noção de estrutura em Victor Turner, vamos primeiramente situar o seu projeto teórico na antropologia social britânica. Apesar de receber a herança metodológica de Malinowisk e conceitual de Radicliff Brown, dois autores clássicos, o autor vai influenciar-se teoricamente por contemporâneos das gerações seguintes, como Leach e Glukman, procurando estabelecer um distanciamento do projeto moderno de documentar sociedades e produzir uma ciência positiva comparando modelos estáticos de sistemas sociais. Mesmo sem desconsiderar a existência de uma estrutura social, e a utilização de diagramas e genealogias no trabalho de campo, em sua obra, O Processo Ritual, Turner prossegue com a preferência conceitual já apresentada em sua monografia Cisma e Continuidade , e em Florestas dos Símbolos, a respeito da sociedade Ndembu, de pensar as sociedades em movimento. Nessa direção, em O Processo Ritual, o autor fará um movimento de se deslocar intelectualmente para analisar sociedades a partir das implicações do ritual, estudando-o de forma autônoma, à fim de compreender, a partir dele, a dinâmica da vida social. A referência de Turner para esse estudo será o folclorista Van Gennep (1966), mais particularmente em seus estudos sobre ritos de passagem. A curiosidade de Turner pelos ritos de passagem, se dará na sua fase de margem, classificada por Van Gennep de liminaridade. Esta será tratada como um momento específico, anterior ao da reagregação e posterior ao de separação. Uma espécie de entre lugar – dentro e fora do tempo e da estrutura social - com posições sociais exprimidas por diferentes símbolos nas várias sociedades que ritualizam essas transições sociais e culturais.
Esse estado no qual se encontrará um indivíduo no interior da liminaridade, será denominado por ele de communitas, transcendendo o conceito limiar de ritos de passagem por pretender contrastá-la ao sistema de relações sociais jurídico-econômicas. Seria a