2 Os processos cognitivos envolvidos na produ o de textos escritos
DIVERSIDADE LINGÜÍSTICA E PLURALIDADE CULTURAL NO BRASIL
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. 4.ed. São Paulo: Parábola, 2006.
À narrativa da experiência do escritor Carmo Bernardes na escola do Mestre Frederico. Ele nos fala de sua experiência em casa, com sua parentalha, na rua com os filhos de baiano e na escola, onde encontrava um palavreado grego de tudo. Esses são os três ambientes onde uma criança começa a desenvolver o seu processo de sociabilização: a família, os amigos e a escola. Podemos chamar esses ambientes, usando uma terminologia que vem da tradição sociológica, de domínios sociais.
Um domínio social é um espaço físico onde as pessoas interagem assumindo certos papéis sociais. Os papéis sociais são um conjunto de obrigações e de direitos definidos por normas socioculturais. Os papéis sociais são construídos no próprio processo da interação humana. Quando usamos a linguagem para nos comunicar, também estamos construindo e reforçando os papéis sociais próprios de cada domínio. No domínio do lar, as pessoas exercem os papéis sociais de pai, mãe, filho, filha, avô, tio, avó, marido, mulher etc. Quando observamos um diálogo entre mãe e filho, por exemplo, verificamos características linguísticas que marcam ambos os papéis. As diferenças mais marcantes são as Inter geracionais (geração mais velha/geração mais nova) e as de gênero (homem/mulher). Você, caro/a colega professor/a, conhece bem essas diferenças sociolinguísticas que ocorrem na interação no seio de sua própria família.
Carmo Bernardes, nas suas memórias, nos diz que, com seus parentes, "conversava por trinta, tinha ladineza e entendimento". É, sem dúvida, no domínio do lar e da família onde nos sentimos mais à vontade para conversar.
Você pode observar que a transição do domínio do lar para o domínio da escola é também uma transição de uma cultura predominantemente oral para