o tempo
Uma coisa que o pecado fez foi confundir os nossos valores para que tenhamos dificuldade em distinguir um amigo dum inimigo, e em ter certeza sobre o que é bom para nós e o que não é. Andamos num mundo de sombras, onde coisas reais parecem irreais, e as coisas insignificantes são procuradas tão avidamente como se fossem feitas do próprio ouro que serve de pavimento das ruas da Cidade de Deus.
As nossas idéias raramente se harmonizam com coisas como são, mas sofrem distorção por uma espécie de astigmatismo que desvia tudo do foco. Por uma multidão de erros, a nossa filosofia está fora da rota, mais ou menos como seria a nossa matemática, se tivéssemos aprendido erradamente a tábua de multiplicar e não soubéssemos do nosso erro.
Um falso conceito ao qual nos apegamos tenazmente, é o conceito de tempo. Imaginamos o tempo como uma espécie de substância viscosa a corre, adiante como um preguiçoso rio, levando em seu seio nações, impérios, civilizações e homens. Vizualizamos essa corrente pegajosa como uma entidade e a nós mesmos como irremediavelmente grudados nela enquanto durar a nossa vida.
Ou ainda por um simples expediente mental, retratamos o tempo como revelador da formadas coisas vindouras, como quando dizemos: "O tempo dirá". Ou o imaginamos um bondoso médico e nos animamos com a idéia de que "o tempo é um grande remédio". Isso tudo faz parte de nós a tal ponto, que seria demais esperar que o hábito de transferir tudo para o tempo poderia ser rompido algum dia. Contudo, podemos prevenir-nos contra o prejuízo que esse pensamento traz consigo.
O mais danoso engano que cometemos com referência ao tempo é o de julgar que ele de algum modo tem um misterioso poder de aperfeiçoar a natureza humana. A respeito de um jovem estulto, dizemos: "O tempo o fará mais sábio", ou vemos um cristão recém-integrado na igreja agindo como