O legado do pensamento positivista ao Brasil

Introdução

O positivismo, como concebido por Augusto Comte (1798-1857), consiste fundamentalmente em uma filosofia de organização da sociedade baseada na ciência da física social positivista. Tal disciplina forneceria a uma elite as leis e parâmetros pelos quais a sociedade seria modelada por completo. Para isso, Comte idealizava uma religião baseada no misticismo racionalista que levaria a população a considerar autênticos os mandos de tal elite, dado que essa por sua vez serviria aos ideais científicos de humanidade previstos pela física social.

Desenvolvimento

Já ao fim do século XIX, a filosofia positivista era presente internacionalmente, principalmente no Brasil, onde inspirou movimentos de caráter republicano e abolicionista, sob o trabalho do grande estudioso do positivismo e professor de matemática da Escola Militar do Rio de Janeiro, o Coronel Benjamim Constant, homenageado como “pai da república brasileira”. O legado positivista estendeu-se além da juventude republicana brasileira, modelando desde a bandeira nacional (Cujo lema “Ordem e Progresso” foi inspirado pelo dito “Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta” de Augusto Comte) até os parâmetros econômicos, educacionais e políticos seguidos pela nação. Ainda hoje, é possível identificar que ensino superior brasileiro carrega um forte legado positivista. Ainda mais evidente é sua influência entre as mais renomadas patentes militares. O positivismo destaca a linguagem científica para a organização social, o que justifica o governo de uma classe especial que seja capaz de garantir a ordem e assim, promover o progresso. Como consequência de tal arranjo, formou-se desde o princípio da república uma diferença ideológica dramática entre as elites regentes no Brasil e as tradições seguidas pela população. Entre tais contradições, a mais evidente é a obsessão das lideranças históricas brasileiras para com a busca imediata da modernidade e do progresso, valores