O Corti O

O CORTIÇO
João Romão convida seu cúmplice Botelho para jantar em sua casa.
Durante o jantar eles ficam ansiosos, pois a qualquer momento os policiais chegariam para prender Bertoleza, pelo fato da denúncia feita por João, alegando-a de ser uma escrava fulgida. Porém, ela acreditava que era uma mulher livre, mas foi enganada por João que a entregou uma carta de alforria falsa.
Eles tomavam café quando uma empregada comunicou:
(Empregada) - Alguns homens desejam falar com o senhor.
(João) – Vou já; são eles!
(Botelho) – Deve ser.
(João) – Quem deseja falar comigo?
Um homem adiantou-se e entregou-lhe uma folha de papel, que era a denúncia feita pelo próprio.
João Romão um pouco trêmulo, abriu e a leu demoradamente. Um silêncio se formou em torno dele, e seus empregados pararam em meio ao serviço, intimidados por aquela cena em que entrava a polícia.
(Comerciante) – Ela deve estar aqui, pensei que fosse livre.
(João) – É minha escrava.
(Policial) – Quer entregá-la?
(João) – Mas imediatamente.
(Policial) – Onde ela está?
(João) – Deve estar lá dentro. Tenha a bondade de entrar.
Chegaram à cozinha onde Bertoleza estava escamando peixe para a ceia de seu homem.
Quando ela viu aquele grupo parado em sua frente, compreendeu a situação. Adivinhou que havia sido enganada, que a sua carta de alforria era uma mentira e que seu amante, não tendo coragem para matá-la restituía-a ao cativeiro.
Seu primeiro impulso foi fugir, mas o policial se adiantou e a segurou.
(Policial) – É está?
(João) – Sim, a prendam! É minha escrava!
Bertoleza imóvel, cercada de escamas de peixes, em uma das mãos segurava uma faca de cozinha. Quando o policial ia prendê-la, consegue se soltar e antes que alguém pudesse a alcançar, rasga seu ventre de lado a lado.