a morte do ouvidor
Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Pos-lit.
Disciplina: Historiografia e historicidade literária (341614)
Prof. Dr. Edvaldo A. Bergamo
Aluna: Patrícia Alcântara de Souza
A MORTE DO OUVIDOR
Germano Almeida
A MORTE DO OUVIDOR
Germano Almeida
Germano Almeida, na obra A Morte do Ouvidor (2010), reconstrói o momento histórico que retrata a morte do ouvidor João Vieira Andrade, representante do rei de
Portugal, na cidade de Santiago em Cabo Verde. Em entrevista ao site “Notícias Cabo
Verde – sapo cv” no dia 20 de julho de 2010, o autor afirma que, apesar de a obra não ser, em sua verdadeira essência, um romance histórico, deve ser lida como tal. Germano
Almeida admite haver uma vasta pesquisa na construção da obra, mas que há dados inventados por ele próprio e por outros. Sua preocupação não foi a de divulgar um fato histórico, visto que, por não ser um historiador, não possui elementos suficientes para garantir a autenticidade de todas as afirmações. Ele diz se dispor daquilo que os historiadores já encontraram e inventa “um pouco” quando não há fontes, por exemplo, quando narra o episódio em que Bezerra de Oliveira é levado à cerimônia do cadafalso¹.
Segundo ele, este trecho consta de informações inventadas por falta de registros confiáveis. O autor fica sempre no limite entre a crônica histórica e a narração. Mais do que relatar e analisar o fato histórico, Germano Almeida justifica sua obra. Por meio de uma análise da sociedade moderna, o autor apresenta argumentos que sustentam o estudo histórico, propondo que o diálogo entre e o passado e o presente é essencial na construção da identidade nacional. Na página 85, lê-se “os cabo-verdianos sempre dominaram mal a sua própria História, se antes da independência isso era até certo ponto admissível, no presente é um erro imperdoável que os poderes públicos tão pouca coisa estejam a fazer no sentido de divulgar a História