Uma Ltima Farra Resenha Do Filme Quincas Berro D Gua

568 palavras 3 páginas
Uma Última Farra
De volta à década de 1950, Paulo José nos leva em um passeio pelas ruas baianas de Jorge Amado, na pele de Quincas, um dos mais intrigantes personagens da literatura brasileira.

Definitivamente, não é nada fácil adaptar obras literárias para o cinema, ainda mais obras que marcam a literatura brasileira, como A morte e a morte de Quincas Berro d’Água, de Jorge Amado. No entanto, o diretor Sérgio Machado, na companhia de célebres atores como Mariana Ximenes e Paulo José, conseguiu cumprir esta missão com maestria.
A história segue Quincas, rei das noitadas e da farra das ruas da Salvador de 1950, que morre justo no dia de seu aniversário. O contexto da história não exige muito de Paulo José em termos de atuação, uma vez que seu personagem passa a maior parte do tempo morto. No entanto, o ator consegue trazer um certo toque de vida à personagem, criando no expectador a impressão de que Quincas não está morto, embora tenha conhecimento disso desde o início do filme. Sua expressão muda tão sutilmente que se torna quase imperceptível, mas dá vida à personagem, o que auxilia na compreensão do conto em si.
Banhado de um sentimento nostálgico comum em cerimônias fúnebres, o filme nos mostra a vida de Quincas através das memórias de seus parentes e amigos, o que acaba por criar duas versões dele: uma como Joaquim Soares da Cunha, respeitável cidadão e funcionário público, e outra como Quincas Berro D’Água, bêbado festeiro das ruas de Salvador. Dessa forma, contesta-se a noção de boa vida burguesa; de esposa, filhos e um emprego digno. Quincas abandona essa suposta boa vida para entregar-se a cachaça e aos fartos seios das prostitutas. O filme faz transparecer uma ideia de que ele é mais feliz na gandaia do que como honrosa figura social. A vida de bebedeira o torna livre, enquanto a vida na sociedade o obriga a seguir padrões com os quais não concorda.
Havendo duas realidades em uma mesma personagem, a história também dá a ele duas mortes. Na primeira,

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