Trabs De Port

Nathália: Na madrugada de 9 de julho de 1980, comecei a me sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, logo depois faleci. Me lembro de ter passado o dia anterior com meu parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé".

Anos atras, fui afastado da carreira diplomatica e me aposentei compulsoriamente. O motivo dado para o meu afastamento foi o comportamento boêmio que me impedia de cumprir minhas funções.Fui anistiado (post-mortem) pela Justiça em 1998.
Jéssica: Você se lembra do começo de sua vida?
Nathália: Nao, conte –me como eu era.
Jéssica: Somos Vinicius de Moraes, nascemos no dia 19 de outubro de 1913 no RJ. Iniciamos nossos estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde começamos a nos interresar pela poesia. Em 1922, a mãe resolveu mudar para Ilha do Governador com a nossa familia, nós e Lygia, nossa irmã, ficamos com avô em Botafogo para terminar o curso primário. Você lembra dos amigos que fizemos no colégio?
Nathália: Sim, me lembro dos irmãos Haroldo e Paulo Tabajós, com eles comecei a fazer minhas primeiras composições.
Jéssica: Publicamos nosso primeiro livro de poemas “O Caminho para a Distância”. Em 1929, concluimos o ginásio e fomos para a Faculdade Nacional de Direito, onde conhecemos e nos tornamos um grande amigo do romancista Otavio Faria, que nos incentivou na vocação literária. No ano seguinte o mesmo aconteceu com Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
Em 1938 ganhamos uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford. Ao voltar para o Brasil, fomos reprovados no primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores, tentamos de novo em 1943 e fomos aprovados e assumimos o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles.
Nessa época nossas obras eram marcadas por versos em linguagem simples e excitantes, porem carregados de temas sociais, o livro que marcou essa fase foi “Poemas, Sonetos e