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“MUDAM-SE OS TEMPO E MUDAM-SE AS VONTADES” E “TRANSFORMA-SE O AMADOR NA COUSA AMADA” DE LUIS VAZ DE CAMÕES
E ALGUMAS POSSÍVEIS INTERTEXTUALIZAÇÕES
Por Vanessa Santana da Cruz
O poema “Mudam-Se Os Tempos E Mudam-Se As Vontades” de Luis Vaz de Camões obedece à estrutura de um soneto, com duas quadras e dois tercetos, dispostos em rimas. Nos dois primeiros quartetos as rimas encontram-se entrelaçadas, seguindo a ordem [abba, abba]. Prontamente nos tercetos, percebe-se que os versos um e três rimam, sendo que o segundo verso do primeiro terceto rima com o primeiro verso do segundo terceto, sistematizando assim as rimas em [cdc e dcd].
Neste soneto são expressos a perplexidade humana diante de tantas mudanças no decorrer do tempo. Os termos “mudam-se” e “ muda-se”, nos transmite através da sua repetitividade a rapidez com que as coisas vem sofrendo modificações, além do uso da palavra “continuamente” que reforça essa idéia de algo constante, que reflete em diversas transformações não só no comportamento dos homens, mas também na sociedade em que ele está inserido. Junto com as mudanças nos tempos, vêm as mudanças nas vontades. Às vezes o homem que está querendo tudo... Outras vezes o homem que não quer nada.
É cada vez mais freqüente os casos de estress emocional, fadiga, exaustão e depressão entre aqueles que estão em constante inquietação, buscando o novo, trocando seus ideais, suas forças e seu dinheiro pelo supérfluo, pela superficialidade, esquecendo-se de si, da sua inquieta e magoada alma¹. Há uma má digestão dos acontecimentos e das mudanças que ocorrem no cotidiano de maneira gradual, mas contínua, e que leva o homem a perder-se, não mais mantendo sua natureza e princípios pouco flexíveis pela influência de suas raízes, mas vulneráveis pela infreável contaminação do consumismo exorbitante. A desculpa é sempre o avanço necessário ao ser humano, a acessibilidade da maneira mais fácil possível a fim de poupar-lhe tempo e dinheiro, além de fornecer poder e