solidão camus

641 palavras 3 páginas
Solidão e felicidade em Camus
27 DE SETEMBRO DE 2013

«Não sou um filósofo, só sei falar daquilo que vivi», escreveu o autor de A Peste no terceiro volume dos Cahiers. A afirmação condensa um dos dois argumentos nucleares de A Felicidade em Albert Camus, de Marcello Duarte Mathias, primeiramente editado em 1975, do qual saiu há pouco tempo uma 3ª edição revista, acrescida de um prefácio atualizado e de três novos textos. Na verdade, e tal como se empenha em demonstrar o escritor e embaixador, «raros casos terá havido de uma tão completa osmose entre um autor e uma obra e de uma tão íntima associação entre os dois e o seu tempo». Se a leitura deste ensaio explica de um modo inequívoco essa interligação, mantida por Camus em tudo aquilo que escreveu, mostra também que ela teve consequências «para o bem e para o mal, como se diz». De facto, a imposição da coerência entre a vida e a obra, forçando atitudes de independência, determinou –sobretudo no confronto com os rígidos ambientes da esquerda filo-marxista do pós-guerra que o escritor frequentou – polémicas e ruturas dolorosas com aqueles com quem percorrera parte importante do seu caminho literário, filosófico e político. O resultado foi uma proscrição que só muitos anos após a sua morte começou a ser anulada. O obituário saído no Times em janeiro de 1960 intitulava-se com propriedade «A man who walked alone».
O outro grande argumento destacado por Marcello Mathias prende-se com um aspeto, central em Camus, que contraria a dimensão de tragédia e de solidão habitualmente associada, não sem grande dose de justeza, ao seu trajeto pessoal. Reconhecendo sempre a contiguidade entre a vida e a morte, e escrevendo com ela omnipresente na sua linha do horizonte, o escritor esforçava-se por combater a segunda, na medida exata em que o combate lhe permitiria fruir a plenitude do que acreditava ser a vida. Assegurava no ensaio L’Été: «Há assim uma vontade de viver sem nada recusar da vida que é a virtude que eu mais venero

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