SANTA MARTA MIDIAS LOCAIS
Santa Marta Duas semanas no morro de Eduardo Coutinho é uma verdadeira denúncia das efeitos que um sistema de colonização escravagista seguido por um processo de globalização criaram nas grandes metrópoles brasileiras, especialmente o Rio De Janeiro. Inicialmente, o documentário foi encomendado pelo Instituto Superior dos Estudos da Religião (ISER) para registrar a rotina dos moradores do morro Santa Marta, na zona sul do Rio de Janeiro, assim como seus hábitos, as suas perspetivas sobre o futuro, seu relacionamento com a polícia e suas reinvidicações.
Coutinho optou por fazer um documentário seguindo a estética da fome, que corre paralelamente à miséria do Santa Marta. Durante todo o documentário, o diretor deixa claro as condições de baixo custo das filmagens. Logo no início ele coloca cartazes no morro para moradores interessados em contar suas histórias de violência e discriminação. São esses depoimentos que encadeiam e organizam o filme. Esses depoimentos são sempre nas casas de moradores, nos becos e na associação de moradores. Um dos grandes méritos de Coutinho é o fato de não ser sugestivo. Para passar sua mensagem, o diretor se utiliza somente de depoimentos dos moradores que formam uma grande quadro que denuncia a realidade nas favelas do Rio de Janeiro.
Alguns dos relatos mais marcantes do filme ficam a cargo dos jovens moradores do
Santa Marta. Suas perspectivas sobre o futuro de um jovem criado em uma favela da Zona Sul do Rio são a maior denúncia da documentário. Um dos garotos presentes no filme viria a se tornar dono do morro e um dos traficantes mais famosos e procurados, Marcinho VP. Marcinho ganhou notoriedade em 1996, quando negociou com o cineasta Spike Lee a gravação do videoclipe “They Don´t
Care About Us” de Michael Jackson no Santa Marta.