Roda dos Prazeres de Lygia Pape
“Roda dos Prazeres de Lygia Pape”
O Neoconcretismo chegou como uma resposta aos rumos tomados pelos Concretistas em suas concepções industriais e meramente geométricas de arte. O Manifesto Neoconcreto deu início a uma nova forma de enxergar a arte, voltando à subjetividade, pretendendo desenvolver novamente a expressividade nas obras. Uma obra Neoconcreta pode traduzir o movimento entre o firme e consistente, e o trabalho determinante do artista por uma construção ressignificada em suas emoções.
Dentre o grupo que iniciou o ideário neoconcreto estava Lygia Pape, artista que se declarava indiscutivelmente anarquista. Ela repudiava toda e qualquer forma de hierarquia e regras, especialmente no campo da arte. Nesse sentido, não se satisfazia com rotulações quanto ao “movimento” ou “geração” que frequentemente são ditos deste, ou daquele artista. Para Pape, o tempo de permanência terrena é finito, porém, em sua vivencia, é plural nas possibilidades de mudanças e retomadas. Portanto não existem classificações antecipadas, findada a vida, ai sim pode-se tentar elaborar quanto aos rumos estéticos e estilísticos que cada um tomou.
O que rumou as construções artísticas de Lygia por muitos anos foi a reflexão sobre coisas da vida, coisas essas que instigavam a artista a “cutucar” o espectador. Muitas de suas obras devem necessariamente passar por um processo de assimilação reflexiva. São críticas que muitas vezes estão permeadas de certo humor negro. Um exemplo disso é a obra “Caixa das Baratas” (1967), em que baratas são posicionadas como em uma exposição científica dentro de uma caixa com fundo espelhado, dessa forma o espectador se vê refletido entre as baratas.
Baseada em filosofias como o empirismo e a fenomenologia, a artista levava o espectador à experiência sensorial do momento presente. Em artigo de Kenneth Liberman intitulado Reespecificação da fenomenologia de Husserl como investigações mundanamente situadas, o autor descreve que: