Resenha

Não é à toa que Cremilda Medina começa seu livro “Entrevista – O Diálogo Possível” (eu não sei que padrão usar aqui para o título do livro, se itálico?, entre aspas?, caixa alta e baixa?...) com uma citação de Martin Buber (1878-1965), pensador judeu nascido em Viena e pai da filosofia do diálogo: “A verdadeira vida comunitária é aquela que permite a cada indivíduo relacionar-se com o próximo em termos da relação eu-tu, e não em termos da relação eu-isto”. Inspirada por Buber, desde o início a autora faz distinção entre as entrevistas baseadas no diálogo, em que os três envolvidos (fonte-repórter-receptor) se “interligam numa única vivência”, daquelas mais frias, baseadas apenas na técnica e desprovidas de qualquer interesse sincero pelo entrevistado. Ela não explicita tratar somente da entrevista no âmbito do jornalismo, mas é quase indisfarçável que se trata de um livro para as pessoas da área de comunicação. Seu livro será recortado, depois dessa abertura, em outros 16 capítulos. Os três últimos são destinados, respectivamente, a uma breve colagem de autores sobre a palavra e o diálogo; a um glossário de expressões comuns ao dia a dia jornalístico; e a uma bibliografia comentada. Tratarei aqui dos demais 13 capítulos além da abertura, um a um, numa espécie de minicomentários, até para manter o didatismo proposto pela autora. No capítulo 2, “Técnicos e artífices do Diálogo”, ela diz que toda entrevista é um meio cujo fim é inter-relação entre as pessoas. Reúne exemplos de autores de diversas áreas do conhecimento humano, da psicologia à filosofia, e dá espaço para aqueles que defendem, na entrevista, uma postura de saber ouvir, tratada sob as classificações de “não impositiva”, “não diretiva”, por meio de nomes como os de Annette Garrett e Edgar Morin. O raciocínio que Cremilda defende mantém-se coerente, já que ela dará espaço, no terceiro capítulo (“Espetáculo ou compreensão?”), à divisão entre as entrevistas cujo objetivo é espetacularizar o ser humano