RESENHA

“A arte não é politicamente inocente”
Pedro Palácio O cinema, assim como as outras artes, é capaz de mudar o nosso posicionamento em relação a qualquer assunto. As imagens que são oferecidas pelo olhar do diretor, interferem na forma como iremos enxergar o mundo e intervir nele.
Se a política é a ciência da governação, fazer cinema ou arte é expressar uma visão de mundo baseada em algum meio de exposição. No caso, temos os filmes que em si já são arte e assumem seu papel político em transformar a realidade.
Certos filmes, possuem uma abordagem direta quanto aos seus posicionamentos políticos, mas ao assumirem uma bandeira, podem confundir a mensagem que realmente deveria ser passada.
Pão e Rosas (2000), filme dirigido por Ken Loach, conta a história de Maya, uma mexicana que após cruzar a fronteira entre o México e os Estados Unidos, fica na casa de sua irmã Rosa. Pela necessidade de dinheiro, se submete a péssimas condições de trabalho sem nenhum direito. Embora aborde a luta sindical, o filme beira a superficialidade deixando muito a desejar, pois não existe o equilíbrio necessário entre o drama que ocorre na vida da protagonista e a luta sindical apresentada. Maya é uma jovem que mal compreende o mundo e não parece se preocupar com assuntos políticos até que, por uma situação inusitada, conhece um dos líderes do movimento e acaba por se apaixonar.
Certos filmes falham em suas intenções e embora certos aspectos sejam trabalhados não se pode afirmar o foco principal da trama. Se é a questão do preconceito e da falta de direitos ou da situação dos expatriados em território estranho.
Doença do Sono (2011), filme dirigido por Ulrich Köhler, ambientado em Camarões, conta a história de Ebbo, um médico que coordena um programa de pesquisas para auxiliar o tratamento de pessoas que sofrem com a doença do sono, que após passar tanto tempo na África, desenvolve um medo de voltar para a Alemanha, local em que sua esposa e filha moram. Após certo tempo, Alex Nzila, um