Resenha

GLÉNISSON, Jean com a colaboração de CAMPOS, Pedro Moacyr e COSTA, Emília Viotti. Iniciação aos Estudos Históricos. Difusão Europeia do Livro. São Paulo: 1961.

No capítulo IV - A crítica dos testemunhos - da Segunda Parte do livro Iniciação aos Estudos Históricos, Glénisson trata da indispensável tarefa atribuída ao historiador em verificar a verdade dos testemunhos. Não é suficiente para um historiador apenas reunir os testemunhos, assim como um juiz, é preciso julgar o valor desses testemunhos. Há uma tendência natural do historiador em confiar nos documentos à sua disposição, no entanto, é preciso encarar o documento com cuidado, submetendo o texto a mais alta crítica, certificando-se da autenticidade e da exatidão da informação contida nele. A crítica externa é uma crítica à autenticidade do documento. O historiador pode encontrar diferentes tipos de fraudes e falsificações de documentos. É preciso investigar as origens do documento e para tal um questionário padrão pode auxiliar a tarefa: Quem redigiu o documento? Quando? Onde? Para quem? Qual o seu estado? Como chegou a sua presença? Além do questionário, alguns elementos deverão ser analisados de forma metódica, como o material usado (tipo de papel), o formato, o tipo de margem, o tipo de tinta, o estilo de letra, o selo e etc. Só depois dessa análise é possível concluir sobre a autenticidade ou falsificação do documento. A crítica interna é uma crítica à credibilidade, a sinceridade e a exatidão do exposto no documento. Após a compreensão do texto, analisa-se o quão sincero o texto se apresenta. Trata-se de uma verdade total ou de uma mentira sistemática? Não basta apenas dizer a verdade sincera, é preciso ser exato no relato. Experiências provam que um mesmo fato narrado ao mesmo tempo por diferentes pessoas terá a impressão particular de cada narrador. Nesse caso não se trata exclusivamente da inexatidão, mas também da subjetividade de cada testemunho. O exato e o inexato se mesclam constantemente