Resenha

Em Sobre verdade e mentira em sentido extramoral, Nietzsche fala como a linguagem é mal empregada. Ela foi criada para definir eventos, objetos e situações específicas, únicas, já que nenhuma experiência ou evento é exatamente igual a outro. No trecho que lemos em sala de aula, ele usa o exemplo da folha, uma folha jamais é idêntica a outra. Para se criar o conceito “folha” foi preciso deixar de lado essas diferenças individuais. Se fosse criado um conceito diferente para cada folha existente no planeta, reinaria o caos, e a comunicação entre as pessoas desse mundo de caos não existiria, pois cada pessoa se referiria a uma determinada folha e ninguém se entenderia. Afinal nem todas as pessoas do mundo podem ver a mesma folha que você viu naquela tarde de verão em que você foi ao parque e uma folha caiu em seu ombro, ou coisa parecida. E isso serve para tudo, nuvens, piscinas, filmes, peças, esmaltes, livros, cachorros e gatos. Embora nenhuma folha seja igual à outra, todas elas têm algo em comum, e seu conceito é formado a partir dessas semelhanças eternas e universais. De acordo com Nietzsche somente dizemos que as folhas e as ações de coragem são idênticas através da não-diferenciação das diferenças, esquecendo as singularidades de cada ser e objeto.
Essa afirmação de que todas as coisas são singulares, mas ainda sim possuem um elemento eterno e imutável, também é vista em Platão. De acordo com Platão, todas as folhas que existem no mundo dos sentidos são nada mais, nada menos que uma cópia da idéia “folha”, ou seja, elas têm a mesma origem. E além de serem cópias, são cópias mal feitas, nenhuma folha no mundo dos sentidos é igual à idéia “folha” e também não são idênticas umas as outras. Mas por serem cópias ainda se parecem tanto entre si quanto com a idéia, possuem algo em comum, e esse algo é importantíssimo, esse algo é a essência “folha”. Nietzsche diz que essas cópias são feitas “por mãos inábeis a ponto de nenhum exemplar chegar a ser correta e