Remi Es Do Rio Negro

Remições do Rio Negro, de Erlan Souza e Fernanda Bizzaria

O processo de constituição cultural e identitário do Brasil são fortemente marcados por uma sobrepujança européia e católica a despeito de outras culturas como a africana ou indígena. Por conta disso, o processo histórico brasileiro é marcado por uma cisma que é, até hoje, catalisador de certos sentimentos que perpassam questões históricas e culturais no país. Missões jesuíticas e salesianas foram organizadas em todo o território brasileiro como maneira de catequizar alguns índios, como forma de inseri-los na sociedade branca e católica. Logo, padres e missionários se dirigiam até comunidades indígenas para ali levar um pouco dos ensinamentos que, supostamente, garantiriam àquele povo uma melhor inserção social, cultural e até mesmo econômica na nação. O que se tem é, substancialmente, uma questão de cultura dominante e cultura dos dominados, que, queiram ou não, são obrigados (mesmo que não tenham que abandonar seus costumes) a se subordinarem também à cultura daquele que domina.
Uma dessas missões salesianas ocorreu no Amazonas, em localidades à beira do Rio Negro. Uma comunidade indígena sofreu, de alguma maneira,l um processo de subordinação a uma cultura dominante. O padre lituano Casimiro Brèskta foi um dos missionários salesianos a irem até a região do Alto Rio Negro, nos anos 50 e 60, para passar ensinamentos para os índios do lugar. Um pouco dessa missão foi registrada em alguns rolos de filmes que reafirmavam os benefícios desse processo.
Erlan Souza e Fernanda Bizzaria fazem uma pesquisa em relação a essas imagens de arquivo para construir um dos três pilares sob os quais se sustenta o documentário. Existe um tempo passado, registrado nessas imagens, capaz de apresentar um discurso oficial da época. O discurso está, sobretudo, nessas imagens. Há, também, um segundo pilar: a fala dos índios que passaram pelo processo de colonização. O terceiro diz respeito à própria fala do Padre Casimiro. Essas