Recensão de "O Mito da Beleza"
A voz do povo diz que “pela boca morre o peixe” e não é, de todo, descabido. Uma vez que foram precisos séculos de luta pelos direitos de igualdade que, de uma maneira ou de outra, as mulheres têm para no fim usarem isso para fins tão supérfluos e que não enriquecem a nível psicológico ou até mesmo físico.
O conceito de beleza, como o conhecemos actualmente, nasceu, muito provavelmente, com o surgimento de novas tecnologias como os daguerreótipos, rotogravuras e ferrotipias. Com o aparecimento destes meios, foi possível a reprodução de imagens de como deveria ser a aparência das mulheres. Anúncios com mulheres consideradas “belas” surgiram pela primeira vez em meados do séc. IXX.
Toda esta alucinação moderna que aprisiona as mulheres, ou na qual elas próprias se prendem, é cruel e adornada de eufemismos como uma Donzela de Ferro (instrumento de tortura usada na Alemanha medieval que consistia num caixão com a forma de um corpo e que tinha pintada uma bela jovem. A vítima era ali encerrada e fechada lentamente enquanto era perfurada pelos espigões cravados na parte interna da caixa). Elas estão presas, mas no mais profundo das suas consciências, gostam dessa condição pois foram as prórias mulheres que se deixaram enlouquecer pelo que tanto desejavam: a liberdade de expressão, a igualdade de direitos.
BIBLIOGRAFIA
WOLF, Naomi, Beauty Myth, 1998, VINTAGE