recensão crítica sociologia da arte
A presente recensão centra-se na obra de Michael Baxandall, “O Olhar Renascente – Pintura e Experiência Social na Itália da Renascença”. A obra encontra-se dividida em três capítulos, dos quais abordarei os capítulos I. As condições de mercado e II. O olhar da época. As pinturas do século XV eram as melhores pinturas, por serem realizadas sob encomenda, onde o cliente exigia a sua execução conforme as suas especificações, onde a relação comercial e as práticas económicas da época estão materializadas nas pinturas. Assim sendo, são pinturas demasiado importantes para serem deixadas nas mãos dos pintores. Este livro de Michael Baxandall trata, sobretudo da contribuição específica do cliente do século XV, nessa relação económica. Nesta altura, eram feitos contratos de pagamento, no qual se calculava o montante do pagamento baseado em dois pontos, as despesas e o trabalho do pintor. O contrato insiste em que o pintor utilize cores de boa qualidade, sobretudo a do ultramarino, o contrato é meticuloso com relação à utilização do azul. Porém, nem todos os artistas trabalhavam dentro de tais condições contratuais, alguns trabalhavam para príncipes que lhes pagavam um salário. À medida que os séculos vão avançando, os contratos são menos eloquentes quanto ao ouro e ao ultramarino. Tem-se a impressão que os clientes se tornaram menos preocupados que antes em ostentar ao público a pura opulência de material. No início do Renascimento a distinção entre o valor do material e o valor do trabalho hábil, constituía o ponto central, a dicotomia