Percepção e trajetória de vida nas ruas

PERCEPÇÃO E TRAJETÓRIA DE VIDA NAS RUAS

Ao entrevistarmos as pessoas com Trajetória de Vida nas Ruas, descobrimos como a percepção destas está atuante em suas vidas. Por viverem uma vida transitória, criaram um modelo mental de como o mundo funciona.
Quando foram abordadas, algumas recuaram e outras não, mas aquelas que não recuaram ficaram mais tranquilas ao perceberem que não éramos pessoas que passavam insegurança. Por estarem expostas nas ruas, usam o olhar de uma forma mais aguçada para perceberem se algo é bom ou ruim.
Ao conversarmos com elas, percebemos que por terem passado por grandes decepções com seus familiares, a morte de alguém que as ajudavam e davam força, ou por terem perdido o emprego que as mantinham em melhor posição social, optaram por morarem nas ruas, mantendo distância de maiores compromissos.
A vida destas não é fácil, pois estão expostas a várias intempéries, passam muitas das vezes sem uma alimentação adequada, comendo restos de comida do lixo, sentindo o cheiro das deliciosas comidas dos grandes restaurantes, mas ficam a desejar.
Dormem expostas nas calçadas, convivendo com o barulho dos grandes centros, ficando ate mesmo sem noção do tempo e de onde estão. Com tantos desafios, algumas delas ainda conseguem lembrar-se dos seus familiares; uma delas chegou até mesmo a fazer comparações sobre a aparência de uma colega do nosso grupo, com a de sua irmã, com isto se sentindo mais confiante junto dela.
Mesmo vivendo em um mundo das suposições e percepções, conseguem sentir emoções e segurança em uma vida de lembranças.
Sabem reconhecer que muitas vezes fracassaram por estarem ali expostas e terem colocado o problema, que o levaram as ruas, maior do que seus próprios sentimentos.
Cada uma tem um comportamento, uns mais tranquilos, outros mais nervosos ou revoltados.
Contudo isso algumas ainda sentem vontade de regressar ao trabalho e até mesmo voltarem a viver com seus familiares.
As pessoas com Trajetória de Vida nas Ruas, não