Para Compreender Kant

908 palavras 4 páginas
Para compreender Kant
Escrito por Olavo de Carvalho | 22 Outubro 2014
Artigos - Cultura
Kant escreveu em 1762: “Eu me veria a mim mesmo como mais inútil do que um simples trabalhador manual se não acreditasse que esta ocupação [a filosofia] pode acrescentar valor a todas as outras e ajudá-las a estabelecer os direitos da humanidade.”
Homem de maturação lenta, aos trinta e oito anos ele descobria o que viria a ser a meta constante do resto da sua vida: “estabelecer os direitos da humanidade”, demolir a autoridade da tradição e do hábito, criar a sociedade racional governada por um Estado racional educador de seres humanos racionais, prontos a agir sob o ditame de regras universais em vez de seguir seus instintos como os animais ou os padres como um camponês medieval.
Tudo o que ele fez desde o momento daquela declaração de princípios foi para servir a esse objetivo, ao qual mesmo os feitos filosóficos mais notáveis que ele realizou ao longo do caminho se subordinam como meios para um fim.
Ele acreditava que esse fim não somente era desejável, mas estava inscrito na própria evolução histórica da humanidade como uma meta final a que tudo tendia de maneira tortuosa e problemática, mas constante e irreversível. Quando ele reconhece que os seres humanos podem falhar em atingir essa meta, ele deixa claro que nenhuma outra existe: entre a sociedade racional kantiana e a barbárie, tertium non datur.
A obra filosófica de Kant, no seu conjunto e nas suas partes, se dirige invariavelmente à consecução de metas que afetarão toda a sociedade, toda a cultura, toda a política, a moral, a religião, o direito, a educação, as relações familiares, a vida humana, enfim, na sua totalidade.
Kant não foi, de maneira alguma, um pensador isolado, extramundano, desinteressado, envolvido em abstrações que só atraem um número insignificante de estudiosos especializados. Tanto quanto Platão, Lutero ou Karl Marx, foi um reformador da humanidade, um reformador do mundo. Foi isso o que ele quis

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