Normatização
Breves reflexões sobre a fundação de uma escola privada.
Nayara Rios Sena¹
Resumo: O propósito desse ensaio é levantar hipóteses, através da memória individual da autora, sobre as motivações que conduziram um grupo de famílias no interior a Bahia, insatisfeitos com as escolas públicas da cidade de Mairi, a fundarem uma escola privada em que as crianças e a comunidade interna a reconhecesse como a extensão da família, uma segunda casa. Para isso, serão utilizadas teorias de clássicos como Engels sobre o conceito de família e as idéias de Marx e Durkheime sobre a escola.
Palavras-chaves: família – memória – escola
As funções sociais exercidas pela família e como estas se articulam com a escola constituíram minha vida de maneira singular. Aos dez anos, tive parte da minha casa, situada na praça de Mairi, pequena cidade no interior da Bahia, transformada na escola Nossa Senhora de Lourdes, pela professora Maria de Lourdes Rios Sena (minha mãe) para alfabetizar vinte cinco crianças de famílias privilegiadas. Deste então, as relações entre essas duas instituições socialidadoras² e as representações da família e da sociedade configuradas no ambiente escolar estimularam a minha curiosidade, a ponto de conduzir-me ao ofício do magistério e ao Mestrado em Família na Sociedade Contemporânea. No Mestrado surge a oportunidade de regatar a memória coletiva da comunidade que participou da fundação e dos dez primeiros anos da construção e configuração daquela escola. E, através desse resgate, analisar as razões da criação da instituição, dialogar com as produções e reproduções das famílias e da sociedade naquele ambiente escolar e de procurar os vínculos de afinidades eletivas ( BOSI, 2003, pg31) que unem os ex-discentes em torno da comunidade virtual intitulada “Escola da Tia Loudinha”.
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¹ Licenciada em História (UFBA), Professora da Prática de Ensino de História